Entrevista a Maria do Carmo Monteiro Kobayashi, professora associada de UNESP, y Secretaria Municipal de Educación en Bauru/ São Paulo/ Brasil

Sra. Monteiro Kobaysahi es professora Associada na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP, Faculdade de Ciências, Livre Docente (2019) em Ensino de Arte: Linguagens da Criança – FC; Pedagoga, Universidade Sagrado Coração – USC (1986) Especialista em Linguagens da Arte, Centro Universitário Maria Antônia - USP (2013). Realiza estudos na área da formação inicial e continuada de professores de Educação Básica, principalmente, nas Múltiplas Linguagens da criança de Educação Infantil; Ensino Fundamental; Ludicidade e Arte. Docente do Programa de Pós-Graduação em "Docência para Educação Básica", Mestrado Profissional, Faculdade de Ciências da UNESP, FC. Coordenadora do Grupo de Estudos da Infância e Educação Infantil: Políticas e Programas, CNPQ. Secretária Municipal de Educação de Bauru - SP (2021-2022). Conselheira da Associação Brasileira de Brinquedotecas.

A gestão educativa é uma das características da condição de secretária municipal de educação no Brasil. Poderia contextualizar como isso ocorre?  Como é a escolha para a secretaria? Como é a estrutura organizacional? Caso queira anexar ao texto uma figura, poderá fazer isso sem problemas. Que conteúdos você julga muito relevantes para que a condição de gestão educacional quando exercida pela secretaria municipal de educação seja cumprida com êxito?

A gestão educativa é um aspecto indispensável para o funcionamento de qualquer instituição, quando se fala em uma Secretaria de Educação que tem mais de 20.0000 alunos, distribuídos em mais de 90 unidades escolares e que tem responsabilidade por garantir o bom funcionamento das escolas municipais a dimensão que se toma é muito grande. Entretanto, ela compreende os esforços de múltiplas equipes que se desdobrarão para atender às necessidades dos estudantes e de suas famílias, na expectativa de uma educação que preze a equidade, a inclusão e a qualidade do serviços prestados, para tanto muitos são os atores que estão em ação para manter essa estrutura, trabalhando em prol de objetivos comuns: a formação e o desenvolvimento dos estudantes para a vida em sociedade, autônomos, responsáveis e pessoas respeitosas com todos os entes viventes e com espaços onde habitam. . A experiência que tive mostrou-me o grau de dificuldade que poucos, privilegiados têm ao assumir, metaforicamente, um transatlântico o qual somos os responsáveis por sua condução e pelo bem estar dos que dele dependem de diferentes formas, e que para tanto muitas equipes têm que responder em sintonia, respondendo às demandas, aos acasos, por exemplo, uma tempestade que deixa uma unidade escolar sem energia, ou a falta de água, que paralisa um bairro, e nele há escolas. Escolas são imóveis e ganham vida e razão de ser ao serem ocupadas pelos seus usuários.

O grupo de trabalho de uma Secretaria é composto por vários departamentos: manutenção e administração dos próprios, mantendo uma equipe multidisciplinar para atender concertos, pequenas construções nas UEs, organização e controle da vida funcional de todos que fazem parte da Secretaria; Departamento de Alimentação escolar – que cuida da alimentação realizada em todas as escolas, seguindo as recomendações e normas do plano nacional de alimentação escolar; departamento de práticas, projetos, pesquisa e do pedagógico  que cuida do planejamento de projetos educativos que atendam às demandas educacionais das unidades escolares, não fugindo às recomendações nacionais, mas com olhos às características locais, para atender às demandas formativas dos diferentes profissionais da rede municipal em trabalho, entre tantas outras; Departamento de Educação Infantil que vai gerenciar as demandas de profissionais para o ótimo funcionamentos da UEs, acompanhar e resolver os problemas e as necessidades físicas das UES, gerenciar as relações pessoais entre profissionais da educação, da relação desses profissionais com as famílias; Departamento de Ensino Fundamental que tem as mesmas atribuições do Departamento de Ensino Infantil, porém com uma equipe para atender às demandas da Educação Inclusiva e da Educação dos Jovens e Adultos, público diferencial para uma rede que atende de bebês (dos 4 meses – Creches ao Ensino Fundamental II).

Plan uma equipe que tem por objetivo manter as condições físicas dos prédios que dão suporte aos processos escolares em melhores condições, para além das unidades escolares, almoxarifados, viaturas, maquinários, equipe de manutenção, equipe de engenharia e construção (o que envolve viaturas, mobiliários, higienização entre outros); equipe que planeja, executa, gerencia e avalia, segundo as diretrizes nacionais de programas de alimentação ideal e adequadas às faixas etárias atendidas nas unidades escolares  e dos convênios assinados com as unidades escolares estaduais; equipe  , através da Proposta Municipal de Educação, um gru das unidades que a compõem , que tem por objetivo a excelência.

Que habilidades você julga imprescindíveis à condição de secretária municipal de educação e por quê?

Saber conversar, argumentar, ouvir as solicitações de todos, abrir ao diálogo da comunidade, pois assim podemos conhecer os problemas nas suas diferentes facções e tentar colocar lados opostos a se entenderem.  

Em termos de competências, quais seriam as demandas que julga importantes para a condição de gestão da secretaria municipal de educação?

A primeira paciência e  resiliência, lembrar que para nós secretários o que vale é saber que ao passarmos por esse espaço de gestão o deixamos melhor do que grande entramos, que não iremos resolver os problemas, as demandas que nos impõe a educação pública mais muito maiores que acreditamos, que os embastes, os desafios e as dificuldades impostas aos gestores é muito maior do que resolver uma série de problemas, questões outras, políticas são mais fortes do que nossa vontade e empenho para acertar, nunca todos serão satisfeitos, pois as demandas, muitas vezes são contrários aos desejos dos políticos em atuação. Eu como técnica, muitas vezes, me via em meio a questão que não eram de ordem prática, mas de poder, e que esses estavam fora da nossa alçada.

Entre as dimensões políticas, administrativas e pedagógicas, quais ocupariam mais o tempo na secretaria municipal de educação?

Certamente as políticas, depois as administrativas e por final as pedagógicas, muito me lembrava o conceito grego de hybris, do desmedido, da vaidade – esse era o maior problema a ser administrado.

Se pudesse voltar ao passado, que conselhos daria aos gestores de educação básica?

Conselhos não daria, mas tenho comigo que foi uma experiência que mudou a minha vida, viver a vida de docente de universidade pública, em uma dimensão muito menor, e com muito menos desgaste e embates, mostrou-me que é viver em uma bolha, e que foi na gestão que pude ver a educação real nas esferas das políticas locais, estaduais e federais e como elas se imbricam e se rendem aos que tem mais poder!

Quais são as expectativas em relação às gerações futuras que ocuparão a condição de gestão da educação? 

Que sejam fortes, corajosos, corretos e transparentes ao dizer a verdade à população mesmo que isso lhes custe o cargo.

 

Márcia Lopes Reis
Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – Sede Bauru

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